Já sou quem tu queres que eu seja
Tenho emprego e uma vida normal
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal
O teu bem faz-me tão mal
Já me enquadro na tua estrutura
Não ofendo a tua moral
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda sinto a quem
O teu bem faz-me tão mal
O teu bem faz-me tão mal
Sei que esperas que não desiluda
Que por bem siga o teu ideal
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem
O teu bem faz-me tão mal
O teu bem faz-me tão mal
Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser foi em mim que apostei
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal
Do avesso eu te direi
O teu mal faz-me tão bem
Now, I’m the person you want me to be,
I’ve got a job and a normal life,
but when I wake up and don’t know
who I am or who I’ve become,
I start to go nuts,
your goodness makes me feel so bad.
Now I fit into your framework,
I don’t offend your morals
but when you impose your goodness on me,
I still feel a quem
Your goodness makes me feel so bad.
Your goodness makes me feel so bad.
I know you hope I won’t disappoint [you],
[you hope] I’ll follow your example,
but I don’t want to follow anyone,
however much you love me,
your goodness makes me feel so bad,
your goodness makes me feel so bad.
I know you’re going to turn me inside out
if I tell you that I bet on myself
no, não é nada que me rale
even if you do me ill,
I’ll tell you inside out
your badness makes me feel so good.
Dizem que é mau, que faz e acontece
Arma confusão e o diabo a sete
Agarrem-me que eu vou-me a ele
Não sei o que lhe faço
Desgrenho os cabelos
Esborrato os lábios
Se não me seguram
Dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca
Arrepios no peito
E pagas as favas
Eu digo: - enfim,
ó meu rapazinho
és fraco para mim!
De peito feito ele ginga o passo
Arregaça as mangas e escarra pró lado
Anda lá, ó meu cobardolas
Vem cá mano a mano
Eu faço e aconteço
Eu posso, eu mando
Se não me seguram
Dou-lhe forte e feio
Beijinhos na boca
Arrepios no peito
E pagas as favas
Eu digo: enfim,
ó meu rapazinho
Sou tão má p'ra ti!
Ó meu rapazinho, ai
Eu digo assim
Se não me seguram
Dou cabo de ti!
They say it’s bad, que faz e acontece
It causes confusion e o diabo a sete
Agarrem-me que eu vou-me a ele
I don’t know what I’ll do to him,
I’ll dishevel his hair,
Esborrato his lips
Se não me seguram
I’ll hit him hard and dirty,
smooches on his mouth ,
Arrepios no peito
E pagas as favas
I say: - enfim,
my little lad,
you’re too weak for me!
De peito feito ele ginga o passo
He rolls up his sleeves and spits to one side
Anda lá, my little wuss
Vem cá mano a mano
Eu faço e aconteço
Eu posso, I’m in control,
if they don’t restrain me,
Dou-lhe forte e feio,
Smooches on the mouth,
Arrepios no peito
E pagas as favas
I say: enfim,
oh, my boy,
I’m so bad for you!
Oh, my boy, ai
Eu digo assim
if they don’t restrain me,
I’ll destroy you!
Ó vizinho, ora bom dia
Como vai a saúdinha?
E eu não sei falar de amor
Ó vizinho e este tempo?
A chuva dá pouco alento
E eu não sei falar de amor
Ó vizinho e o carteiro?
Que se engana no correio
E eu não sei falar de amor
E soubesse eu artifícios
De falar sem o dizer
Não ia ser tão difícil
Revelar-te o meu querer
A timidez ata-me a pedras
E afunda-me no rio
Quanto mais o amor medra
Mais se afoga o desvario
E retrai-se o atrevimento
A pequenas bolhas de ar
E o querer deste meu corpo
Vai sempre parar ao mar
Ó vizinho e a novela?
Será que ele ficou com ela?
E eu não sei falar de amor
Ó vizinho e o respeito?
Não se leva nada a peito
E eu não sei falar de amor
E soubesse eu artifícios
De falar sem o dizer
Não ia ser tão difícil
Revelar-te o meu querer
A timidez ata-me a pedras
E afunda-me no rio
Quanto mais o amor medra
Mais se afoga o desvario
E retrai-se o atrevimento
A pequenas bolhas de ar
E o querer deste meu corpo
Vai sempre parar ao mar
Ó vizinho então adeus
Vou cuidar de sonhos meus
Que eu não sei falar de amor
Hey, neighbor, good morning, there.
How’s your health?
I don’t know how to talk about love.
Hey, neighbor, what’s this weather like?
The rain’s not very encouraging.
I don’t know how to talk about love.
Hey, neighbor, what about the postman?
Que se engana no correio
I don’t know how to talk about love.
If I knew tricks
To speak without saying anything,
It wouldn’t be so hard
to reveal my desire to you
Shyness ties stones to me
and submerges me in the river
The more love grows,
The more madness suffocates
and boldness retreats
in little air bubbles
and the desire in my body
Vai sempre parar ao mar
Neighbor, what about the soap?
Did he stay with her?
I don’t know how to talk about love.
Neighbor, e o respeito?
Não se leva nada a peito
I don’t know how to talk about love.
And if I knew tricks
De falar sem o dizer
It wouldn’t be so hard
Revelar-te o meu querer
Shyness ties stones to me
and submerges me in the river
Quanto mais o amor medra
Mais se afoga o desvario
E retrai-se o atrevimento
in little air bubbles
and the desire in my body
Vai sempre parar ao mar
Goodbye then, neighbor,
I’ll take care of my dreams.
I don’t know how to talk about love.
Ai, contado ninguém acredita,
Quando eu vou na procissão,
Não há moça mais bonita.
Ai, contado ninguém acredita,
Vão os santos pelo chão
E eu no andor da santinha.
Que é milagre, diz quem sabe,
Eu não sei!
Mas até a virgem mãe
Me gabou a casaquinha.
Que é milagre, diz quem sabe,
Eu não sei!
De tão bela até ganhei
Um altar na capelinha.
Oh, mas ainda não sou deus
Para reinar aos olhos teus
Que veneram o divino.
E eu tão bela e imaculada!
Só não sou idolatrada
Por quem eu mais admiro.
Ai, contado ninguém acredita,
Quando eu vou na procissão,
Até o menino assobia.
Ai, contado ninguém acredita,
Os homens em multidão
Fazem a mim romaria
Que é milagre, diz quem sabe,
Eu não sei!
Se é das unhas que pintei,
Se é da luz que me alumia.
Que é milagre, diz quem sabe,
Eu não sei!
Todos dizem que o meu bem
Lhes dá mais sentido à vida
Oh, mas ainda não sou deus
Para reinar aos olhos teus
Que veneram o divino.
E eu tão bela e imaculada!
Só não sou idolatrada
Por quem eu mais admiro.
Oh, mas ainda não sou deus
Para reinar aos olhos teus
Que veneram o divino.
E eu tão bela e imaculada!
Só não sou idolatrada
Por quem eu mais admiro.
Oh, if I told you, you wouldn’t believe me.
When I walk in the procession,
there’s no prettier lass.
Oh, if I told you, you wouldn’t believe me.
The saints crawl along the ground
E eu no andor da santinha.
It’s a miracle, says the wise man,
I don’t know!
But even the Virgin Mother
praised my coat.
Que é milagre, diz quem sabe,
Eu não sei!
I’m so beautiful, I even got myself
an altar in the chapel.
Oh, mas ainda não sou deus
to reign over those eyes of yours
that worship the divine.
And I’m so beautiful and immaculate !
Só não sou idolatrada
by the one I most admire.
Oh, if I told you, you wouldn’t believe me.
When I walk in the procession,
even little boys whistle.
Ai, contado ninguém acredita,
Os homens em multidão
Fazem a mim romaria.
It’s a miracle, diz quem sabe,
I don’t know!
If it’s the nails that I painted,
If it’s the light that illuminates me.
It’s a miracle, says the wise man,
I don’t know!
They say that my goodness
gives their lives more meaning.
Oh, even if I’m not God
to reign over those eyes of yours
that worship the divine.
And I’m so beautiful and immaculate!
The only one who doesn’t idolize me
is the man I most admire.
Oh, mas ainda não sou deus
Para reinar aos olhos teus
that worship the divine.
And I’m so beautiful and immaculate!
The only one who doesn’t idolize me
is the man I most admire.
Eu tenho um melro
Que é um achado.
De dia dorme,
à noite come
E canta o fado.
E, lá no prédio,
Ouvem cantar...
E já desconfiam
Que escondo alguém
Para não mostrar.
Eu tenho um melro,
Lá no meu quarto.
Não anda à solta,
Porque, se ele voa,
Cai sobre os gatos.
Cortei-lhe as asas
Para não voar.
E ele faz das penas
Lindos poemas
Para me embalar.
Melro, melrinho,
E se acaso alguém te agarrar,
Diz que não andas sozinho
Que és esperado no teu lar.
Melro, melrinho
E se, por acaso, alguém te prender,
Não cantes mais o fadinho,
Não me queiras ver sofrer.
E não voltes mais,
Que estas janelas não as abro nunca mais.
Eu tenho um melro
Que é um prodígio.
Não faz a barba,
Não faz a cama,
Descuida o ninho...
Mas canta o fado
Como ninguém.
Até me gabo
Que tenho um melro
Que ninguém tem.
Eu tenho um melro...
(-Que é um homem!)
Não é um homem...
(-E quem há-de ser?!)
É das canoras aves
Aquela que mais me quer.
Ah, pois que não!
(Então mulher...)
Há de lá ser!?
É só um melro
Com quem dá gosto adormecer.
Melro, melrinho... E não voltes mais,
Que a tua gaiola serve a outros animais.
I’ve got a blackbird
and he’s quite a find.
He sleeps by day,
eats by night
and sings fado.
And there, in the building,
they hear singing...
And they no longer believe
I’m hiding someone
that I don’t want to show.
I’ve got a blackbird,
there, in my room.
Não anda à solta,
because, if he flies away,
he’ll fall to the cats.
I’ve clipped his wings
so he won’t fly away.
E ele faz das penas
pretty poems
to lull me to sleep.
Blackbird, little blackbird,
E se acaso alguém te agarrar,
Say you’re not alone,
they’re expecting you at home.
Blackbird, little blackbird
If, por acaso, anyone should catch you,
Don’t sing fado anymore,
you don’t want to see me suffer.
And don’t come back,
I won’t open these windows ever again.
I’ve got a blackbird
who’s a prodigy.
He doesn’t trim his beard,
doesn’t make his bed,
doesn’t look after his baby...
But he sings fado
like no one else.
I even brag
that I’ve got a blackbird
that no one else has.
I’ve got a blackbird...
(It’s a man!)
It’s not a man...
(Who could it be?!)
It’s one of those songbirds
Aquela que mais me quer.
Ah, pois que não!
(Então mulher...)
Há de lá ser!?
It’s just a blackbird
Com quem dá gosto adormecer.
Blackbird, little blackbird... E não voltes mais,
Que a tua gaiola serve a other animals.
Agora sim, damos a volta a isto
Agora sim, há pernas para andar
Agora sim, eu sinto o optimismo
Vamos em frente, ninguém nos vai parar
Agora não, que é hora do almoço
Agora não, que é hora do jantar
Agora não, que eu acho que não posso
Amanhã vou trabalhar
Agora sim, temos a força toda
Agora sim, há fé neste querer
Agora sim, só vejo gente boa
Vamos em frente e havemos de vencer
Agora não, que me dói a barriga
Agora não, dizem que vai chover
Agora não, que joga o Benfica
E eu tenho mais que fazer
Agora sim, cantamos com vontade
Agora sim, eu sinto a união
Agora sim, já ouço a liberdade
Vamos em frente e é esta a direcção
Agora não, que falta um impresso
Agora não, que o meu pai não quer
Agora não, que há engarrafamentos
Vão sem mim, que eu vou lá ter
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
This is it, let’s get to this,
This is it, the wheels are turning,
This is it, I’m feeling optimistic,
Vamos em frente, no one’s going to stop us.
Not now, it’s time for lunch,
Not now, it’s time for dinner,
Not now, I don’t think I can,
I’m going to work tomorrow.
This is it, we’re at full strength,
This is it, there’s faith in our desire,
This is it, I only see good people,
Vamos em frente, we’re sure to win!
Not now, my tummy hurts,
Not now, they say it’s going to rain,
Not now, Benfica’s playing,
And I’ve got other things to do.
This is it, let’s sing with passion,
This is it, I feel the bond of brotherhood,
This is it, I hear the cry of freedom,
Vamos em frente, this is the way.
Not now, we’re missing a leaflet,
Not now, my father won’t let me,
Not now, there are traffic jams,
Go without me, I’ll meet you there.
Go without me, I’ll meet you there...
Ai tristeza!,
eu jurei
nunca mais cantar o fado.
Foi por amor
que o calei,
por amor ao meu namorado.
Que o fado é mau,
corrompe a alma com demónios,
manjericos, Santo Antónios
amores vagos e episódios
de faca e alguidar.
Ainda para mais é um negócio
de direita
que esta malta aproveita
para se vangloriar.
-"Fica aí no teu cantinho!"
- diz-me assim, com carinho,
meu amor, para não cantar.
-"Meu amor, mas o destino
não se roga." E fez ouvidos
moucos ao que eu fiz jurar.
-"Aqui me tens a confessar:
-foi apenas o destino
que é cruel e pequenino
e nos quis vir separar...
Ai tristeza!,
podem ir ver
quebrada aqui já a promessa.
E esta voz
canta a doer
sem fado nem amor. Que resta?
O fado não é mau,
não é um crime ou um defeito.
É um emaranhado de cordões
que nos entrelaça o peito
e precisa de ser solto.
Corre o risco de sufoco
quem prende o fado na voz
e anda ali com aqueles nós
a apertarem na garganta.
É mais rico quem o canta;
pobre, quem lhe dá prisões.
Tu e eu não somos dois...
Meu amor, tens de pensar
que isto é pegar ou largar,
são estas as condições:
tu e eu e as canções.
Um peito que canta o fado
tem sempre dois corações!
Oh sadness,
I swore
I’d never sing fado again!
I stopped singing it
out of love,
out of love for my beloved.
Fado’s wicked,
it corrupts the soul with devils,
manjericos, Santo Antónios
amores vagos e episódios
de faca e alguidar.
Ainda para mais it’s a business
de direita
que esta malta aproveita
para se vangloriar.
-"Fica aí no teu cantinho!"
- diz-me assim, com carinho,
meu amor, para não cantar.
-"Meu amor, mas o destino
não se roga." And he turned
a deaf ear to what I made him swear.
-"Aqui me tens a confessar:
-foi apenas o destino
which is cruel and petty
e nos quis vir separar...
Oh, sadness!
People can come and see
that I’ve already broken my promise.
And this voice
sings in sorrow,
sem fado nem amor. What’s left?
Fado isn’t bad,
It’s not a crime or a defeito.
It’s a tangled ball of string
that wraps around our chest
and needs to be released.
Corre o risco de sufoco
quem prende o fado na voz
e anda ali com aqueles nós
a apertarem na the throat.
Whoever sings it is richer;
pobre, quem lhe dá prisões.
Tu e eu não somos dois...
My love, you’ve got to think
que isto é pegar ou largar,
these are the conditions:
you, me and the songs.
A breast that sings fado
always has two hearts!
'Inda bem que o tempo passou
E o amor que acabou não saiu.
'Inda bem que há um fado qualquer
Que diz tudo o que a vida não diz.
Ainda bem que Lisboa não é
A cidade perfeita p'ra nós.
Ainda bem que há um beco qualquer
Que dá eco a quem nunca tem voz.
'Inda agora vi a louca sozinha a cantar,
Do alto daquela janela.
Há noites em que a saudade me deixa a pensar:
Um dia juntar-me a ela.
Um dia cantar...
'Inda bem que eu nunca fui capaz De encontrar a viela a seguir
'Inda bem que o Tejo é lilás
E os peixes não param de rir.
Ainda bem que o teu corpo não quer
Embarcar na tormenta do réu.
Ainda bem se o destino quiser
Esta trágica historia, sou eu.
'Inda agora vi a louca sozinha a cantar,
Do alto daquela janela.
Há noites em que a saudade me deixa a pensar:
Um dia juntar-me a ela.
Um dia cantar...
I’m glad that time has passed
E o amor que acabou não saiu.
'Inda bem que há um fado qualquer
that says everything life can’t express.
I’m glad that Lisbon isn’t
the perfect city for us.
I’m glad that there’s some alleyway
Que dá eco a quem nunca tem voz.
'Inda agora vi the crazy woman singing alone,
Do alto daquela window.
There are nights when nostalgia leaves me thinking:
Some day, I’ll join her.
Some day, I’ll sing…
I’m glad that I was never able to find the right lane to follow.
I’m glad that the [River] Tagus is purple
and the fish won’t stop laughing.
Ainda bem que your body doesn’t want
Embarcar na tormenta do réu.
Ainda bem se o destino quiser
This tragic story, sou eu.
I’ve just seen the crazy woman singing alone
From that window up there.
There are nights when nostalgia leaves me thinking:
Some day, I’ll join her.
Some day, I’ll sing...
Olha a banda filarmónica,
A tocar na minha rua.
Vai na banda o meu amor
A soprar a sua tuba.
Ele já tocou trombone,
Clarinete e ferrinhos,
Só lhe falta o meu nome
Suspirado aos meus ouvidos.
Toda a gente - fon-fon-fon-fon -
Só desdizem o que eu digo:
"...Que a tuba - fon-fon-fon-fon -
Tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca - fon-fon-fon-fon -
E o meu coração rendido
Só responde - fon-fon-fon-fon -
Com ternura e carinho.
Os meus pais já me disseram:
"Ó Filha, não sejas louca!
Que as Variações de Goldberg
P'lo Glenn Gould é que são boas!"
Mas a música erudita
Não faz grande efeito em mim:
Do CCB, gosto da vista;
Da Gulbenkian, o jardim.
Toda a gente -fon-fon-fon-fon.
Só desdizem o que eu digo:
"... Que a tuba -fon-fon-fon-fon-
Tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca - fon-fon-fon -
E cá dentro soam sinos!
No meu peito -fon-fon-fon-fon-
A tuba é que me dá ritmo.
Gozam as minhas amigas
Com o meu gosto musical
Que a cena é "electroacústica"
E a moda a "experimental"...
E nem me falem do rock,
Dos samplers e discotecas,
Não entendo o hip-hop,
E o que é top é uma seca!
Toda a gente -fon-fon-fon-fon-
Só desdizem o que eu digo:
"... Que a tuba -fon-fon-fon-fon-
Tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca -fon-fon-fon-fon-
E, às vezes, não me domino.
Mando todos -fon-fon-fon-fon-
Que ele vai é ficar comigo!
Mas ele só toca a tuba
E quando a tuba não toca,
Dizem que ele continua;
Que em vez de beijar, ele sopra...
Toda a gente - fon-fon-fon.fon -
Só desdizem o que eu digo:
"... Que a tuba - fon-fon-fon-fon -
Tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca -fon-fon-fon-fon-
E é a fanfarra que eu sigo.
Se o amor é fon fon fon fon
Que se lixe o romantismo!
Look at the philharmonic band
Playing in my street.
My love’s in the band,
blowing his tuba.
He’s already played the trombone,
the clarinet and the triangle.
All he needs to do is
blow my name in my ears.
Everybody -oompah-oompah-
Só desdizem what I say:
"The tuba -oompah-oompah-
is just so unromantic."
But he plays -oompah-oompah-
and my captive heart
just responds -oompah-oompah-
with tenderness and affection.
My parents have already told me:
"Daughter, don’t be crazy!
The Goldberg Variations
by Glenn Gould are so good!"
But sophisticated music
doesn’t have much of an effect on me:
I like the view from the Belén Cultural Center
and the garden of the Gulbenkian Museum.
Everybody -oompah-oompah.
Só desdizem what I say:
"The tuba -oompah-oompah-
Is just so unromantic."
But he plays - oompah-oompah -
and bells ring out inside me!
My heart beats -oompah-oompah-
to the rhythm of the tuba.
My friends make fun
of my musical tastes.
Electroacoustic’s all the rage
and experimental’s in.
Don’t even talk to me about rock,
samplers and discos,
I don’t understand hip-hop
and find the “cool” stuff so dry!
Everybody -oompah-oompah-
Só desdizem what I say:
"The tuba -oompah-oompah-
Is just so unromantic."
But he plays -oompah-oompah-
And, sometimes, I can’t control myself.
Mando todos -oompah-oompah-
’cause he’s going to stay with me!
But he only plays the tuba
and when he’s not playing,
they say he keeps on going;
He’s blowing, instead of kissing.
Everybody -oompah-oompah-
Só desdizem what I say:
"The tuba -oompah-oompah-
Is so unromantic..."
But he plays -oompah-oompah-
and that’s the fanfare that I follow.
If it’s love -oompah-oompah-
to hell with romanticism!
Proibissem a saudade, era cantar
Havia de ser bonito...
Em teus versos da canção mais popular
Ai, é o dito por não dito.
E as guitarras, sob a escuta na batuta de outras modas,
Escondem no trinar das cordas o pesar.
E o poeta vigiado forçado ao assobio.
Carpuas magoas do destino sem mostrar.
E ao calor de uma fogueira, um amigo
Com a voz mais aquecida lá entoa
Que a saudade mais que um crime é um castigo
E prisão por prisão temos Lisboa.
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Proibissem a saudade, era cantar
Havia de ser bonito...
Em teus versos da canção mais popular
Ai, é o dito por não dito.
E as guitarras, sob a escuta na batuta de outras modas,
Escondem no trinar das cordas o pesar.
E o poeta vigiado forçado ao assobio.
Carpas magoas do destino sem mostrar.
E ao calor de uma fogueira, um amigo
Com a voz mais aquecida lá entoa
Que a saudade mais que um crime é um castigo
E prisão por prisão temos Lisboa.
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Proibissem a saudade, era cantar
Havia de ser bonito...
Em teus versos da canção mais popular
Ai, é o dito por não dito.
And the guitars, sob a escuta na batuta de outras modas,
hide sadness in the trill of their cords.
And the poet vigiado forçado ao assobio.
Carpuas magoas do destino sem mostrar.
And in the heat of a bonfire, a friend
Com a voz mais aquecida lá entoa
Que a saudade mais que um crime é um castigo
E prisão por prisão temos Lisboa.
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Proibissem a saudade, era cantar
Had to be pretty...
Em teus versos da canção mais popular
Ai, é o dito por não dito.
And the guitars, sob a escuta na batuta de outras modas,
Escondem no trinar das cordas o pesar.
E o poeta vigiado forçado ao assobio.
Carpas magoas do destino sem mostrar.
And in the heat of a bonfire, a friend
Com a voz mais aquecida lá entoa
That longing is less of a crime than a punishment,
E prisão por prisão we have Lisbon.
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Na-rei-ah
Na-rei.ah
Na-rei-ah
Na-reii-ah
Ai, rapaz!
Se tu soubesses bem
Como é que eu fico
Quando vou ao bailarico
E te miro a dançar
Ó-ai, à marcial
Já tentei dançar assim também
A esse ritmo, cada passo com sentido
E eu nem gosto de marchar.
Ó-ai, mas quem me viu?!
Ai, rapaz, mas eu queria
Uma valsa a três passos,
Dar-te a mão e ver a vida,
Agarrada a teus braços, ai
Fui-me pôr
Sentada mesmo à frente
E ali esperei
A tantos eu neguei
O prazer da minha dança
Ó-ai, que era só tua
Mas o bar também chamou por ti,
Num entretanto e a banda ia tocando
E quando tu de lá voltaste
Ó-ai, a valsa acabou!
Ai, rapaz, mas eu queria
Ir na roda e ser teu par!
Dar-te a mão, ir na folia
E não mais eu te largar, ó-ai
Foi então
Que a roda se fez,
Ao largo, larga
Tanta gente, muita farra
E nós ali na multidão
Ó-ai, com outro par!
Fui passando
Par a par, nem sei
Quantos ao certo
E tu cada vez mais perto
E quando só faltava um
Ó-ai, veio o leilão!
Ai, rapaz, o que eu queria
Era um baile bem mandado
Que nos guiasse à sacristia
E voltássemos casados, ai
E do palco
Surgiu uma voz
E a concertina:
"Roda manel, vira maria
E quem não vira perde a roda!"
Ó-ai, e eu virei!
Mas a voz,
Puxada à concertina,
Mais pedia
E acelarava a melodia
Os pés trocavam-se no chão
Ó-ai, e assim foi
Ai, rapaz, e foi o baile,
Sem alma nem coração
Mal cantado e mal mandado
Que me atirou ao chão, ó ai
E foste tu a dar-me a mão
Ai, rapaz!
If you only knew
How I fico
When vou ao bailarico
and watch you dance,
Ó-ai, at marching pace.
I also tried to dance like that,
at that speed, cada passo com sentido
And I don’t even like marching.
Oh dear, who saw me?!
Oh, my boy, but I wanted
a three-step waltz,
Dar-te a mão e ver a vida,
Agarrada your arms, ai
Fui-me pôr
Sentada mesmo à frente
And there, I waited,
I denied so many people
the pleasure of my dancing
which I’d reserved for you alone.
But the bar also called for you
and, in the meantime, the band kept playing
and by the time you got back,
the waltz had stopped!
Ai, rapaz, I only wanted
to join that circle and be your partner!
Give you my hand, ir na folia
E não mais eu te largar, ó-ai
It was then
Que a roda se fez,
Ao largo, larga
So many people, muita farra
E nós ali na multidão
Ó-ai, with another partner!
Fui passando
From partner to partner, I don’t even know
How many, exactly,
And you got closer and closer
And when I was just one away,
Ó-ai, then came the auction!
Oh, boy, all I wanted
Was a well-… dance
That lured us into the sacristy
And we’d come back married, ai
E do palco
from
E a concertina:
"Roda manel, vira maria
and whoever doesn’t turn, loses a roda!"
Ó-ai, and I turned!
Mas a voz,
Puxada à concertina,
Mais pedia
And the tune got faster,
Os pés trocavam-se on the floor
Ó-ai, and that was it.
Oh, boy, it was that
heartless and soulless dance,
badly sung and badly mandado,
that threw me to the ground, ó ai
And you were the one who gave me his hand.
Desculpem, doutos homens, estetas,
Espíritos poetas, almas delicadas,
A falsidade do meu gênio e das minhas palavras.
Que é a erudição que eu canto,
Que é da vida, o espanto, que é do belo, a graça,
Mas eu só ambiciono a arte de plantar batatas.
-desculpem lá qualquer coisinha
Mas não está cá quem canta o fado.
Se era p'ra ouvir a Deolinda,
Entraram no sítio errado.
Nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.
Bem sei que há trolhas escritores,
Letrados estucadores e serventes poetas;
E poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.
E canta em arte genuína, o pescador humilde,
A varina modesta;
E tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.
[refrão]
Por não fazer o que mais gosto
Eu canto com desgosto, o facto de aqui estar;
E algures sei que alguém mal disposto
Ocupa o meu lugar.
Ninguém está bem com o que tem...
E há sempre um que vem e que nos vai valer;
Porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.
[refrão]
E é a mudar que vos proponho!
Não é um passo medonho em negras utopias;
É tão simples como mudar de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco e acertem com a vida!
Forgive me, learned men, esthetes,
poetic spirits, delicate souls,
for the falseness of my genius and my words.
Que é a erudição que I sing,
Que é da vida, o espanto, que é do belo, a graça,
but I only cultivate the art of planting potatoes.
-desculpem lá qualquer coisinha
Mas não está cá quem canta o fado.
If it was to hear Deolinda,
They’ve come to the wrong place.
We’re in a house next door.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.
Bem sei que há trolhas escritores,
Letrados estucadores and serventes poetas;
and poets who are true carvers of letters.
E canta em arte genuína, the humble fisherman,
the modest fishwife;
and many a star should stick to fishing.
[refrão]
Por não fazer what I like the most
I sing com desgosto, the fact of being here
E algures sei que alguém mal disposto
Has taken my place.
No one’s content with what they have...
And there’s always one vem e que nos vai valer;
Porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.
[refrão]
E é a mudar que vos proponho!
Não é um passo medonho em negras utopias;
It’s as simple as changing de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco e acertem com life!
Eu sou brasileira e já arranho o português
Cheguei vai pra uma semana e já me viro com freguês
Tem feijão, fava, sardinhas, bacalhau, chouriço assado
E vá ficando prá noitinha, que vai se cantar o fado
E vá ficando prá noitinha, que vai se cantar o fado
Aiiii e quando eu escutei cantar
Aquele chorinho delicado
Deu uma vontade de pegar
Alguém com quem dançar o fado
Moça, mas ninguém dança o fado?
Fica quietinho a ouvir
Poxa mas no brasil casa de fado
Não seria mole assim
No Brasil casa de fado
Não seria mole assim
Aiiiiiiiiiii
Eu sou brasileira e já me entendo com turistas
Please sit on another table cause this one is for fadistas
Sou garçonete competente até aviso no palco
peço silêncio minha gente que vai se cantar o fado
peço silêncio minha gente que vai se cantar o fado
Aiiii e quando eu escutei cantar
Aquele chorinho delicado
Deu uma vontade de pegar
Alguém com quem dançar o fado
Ouça, mas ninguém dança o fado?
Fica quietinho a ouvir
Poxa mas no brasil casa de fado
Não seria mole assim
No Brasil casa de fado
Não seria mole assim
I’m Brazilian and já arranho o português
I’ve been here a week and já me viro com freguês
Tem black beans, broad beans, sardines, cod, roast chorizo
E vá ficando prá noitinha, they’re gonna sing fado.
E vá ficando prá noitinha, they’re gonna sing fado.
Oh… when I listened to the singing,
that delicate chorinho,
I got an urge to …
somebody to dance fado with.
Hey, girl, does nobody dance fado?
Fica quietinho a ouvir
Wow! In Brazil, a fado house
wouldn’t be so lame.
In Brazil, a fado house
wouldn’t be so lame.
Aiiiiiiiiiii
I’m Brazilian and I’m getting on well with tourists
Please sit on another table cause this one’s for fadistas
I’m a competent server, até aviso no palco
Quiet please, people, they’re gonna sing fado.
Quiet please, people, they’re gonna sing fado.
Aiiii and when I heard them sing
that delicate chorinho
I got the urge to pegar
somebody to dance fado with.
Hey, does nobody dance fado?
Fica quietinho a ouvir
Wow, in Brazil, a fado house
wouldn’t be so lame.
In Brazil a fado house
wouldn’t be so lame.
A noite vinha fria
Negras sombras a rondavam
Era meia-noite
E o meu amor tardava
A nossa casa, a nossa vida
Foi de novo revirada
À meia-noite
O meu amor não estava
Ai, eu não sei onde ele está
Se à nossa casa voltará
Foi esse o nosso compromisso
E acaso nos tocar o azar
O combinado é não esperar
Que o nosso amor é clandestino
Com o bebé, escondida,
Quis lá eu saber, esperei
Era meia-noite
E o meu amor tardava
E arranhada pelas silvas
Sei lá eu o que desejei:
Não voltar nunca...
Amantes, outra casa...
E quando ele por fim chegou
Trazia as flores que apanhou
E um brinquedo pró menino
E quando a guarda apontou
Fui eu quem o abraçou
Que o nosso amor é clandestino
A noite vinha fria
Black shadows a rondavam
It was midnight
And my love was late
Our house, our life
Was turned upside down again,
At midnight,
My love wasn’t there
Oh, I don’t know where he is,
Whether he’ll come back to our house,
That was our arrangement.
E acaso nos tocar o azar
O combinado é não esperar
our love is secret.
Com o bebé, escondida,
Quis lá eu saber, I waited
It was midnight
And my love was late
E arranhada pelas silvas
Sei lá eu what I wanted:
Não voltar nunca...
Lovers, another house...
And when he finally arrived,
He brought the flowers he’d plucked
And a toy for the boy.
E quando a guarda apontou,
I was the one who hugged him,
Our love is secret.